sábado, 23 de fevereiro de 2013

Madaraka e a Despedida

Madaraka acabou, e não só para mim, agora a casa dos intercambistas é outra. Era uma casa cheia de histórias de pessoas de todo o mundo que passaram por lá, inclusive eu. Era um apartamento no terceiro andar, de um pequeno prédio sem elevador.



Essa era a parte de trás, passava por aí todos os dias!


A estrutura não era perfeita, na cozinha tinham baratas (pequenas, que nos acostumamos a viver com). O banheiro o box era separado e não tinha uma porta para o box era apenas o box, pelo menos era fechado com uma porta de plástico fosco, o que nos proporcionava um mínimo de privacidade, rs. Nos quartos tinham beliches os colchões eram bem ruins, tinham 3 bons, e o meu não era um desses. Além de durante o tempo q eu fiquei lá a água acabou um dia e a luz pelo menos uma vez por semana! 



Mas todos esse problemas eram compensados pelas pessoas, Florence era a empregada da casa, sempre solícita, e eu não sei como ela conseguia fazer todo o trabalho, lavava a roupa de todos, nos fazia café da manhã e jantar (tudo bem cheio de óleo, mas é a cultura de lá). No inicio eu não conseguia comer o jantar de tanta pimenta, mas depois que pedi ela diminuiu bastante e todos ficaram mais felizes. 

Marielle, super companheira e amiga, para sempre! (dentro do último matatu)

Todos os dias eram uma delícia, pessoas super legais, trocando experiências, ouvindo muitas músicas as vezes muito alta né Mateus, rs. Saíamos todos juntos quase sempre, principalmente para westlands, o bairro das baladas, nos divertíamos logo ao sair de casa, 8, 9 num taxi na maioria das vezes, já até tínhamos aprendido a melhor formação para caber. Tivemos muitos momentos muito bons, muito divertidos, me aproximei de verdade de vários, sei que continuaremos amigos por muito tempo. 

No taxi, indo para a minha balada de despedida!

Despedida do Márcio! crazy madaraka!


O único momento ruim eram as despedidas, a casa toda ficava num clima estranho, cada um que partia deixava um vazio (literalmente levando todas as malas e coisas, hehe). Era muito triste ver alguém partir, por mais que não tenha sido muito tempo nos aproximamos muito, éramos realmente a família madaraka, cada um com o seu jeito, seus costumes e sinto falta de todos. 

Despedida Mateus e Nayara! 

A minha despedida foi muito difícil, mas por outro lado eu pensava nas pessoas que ficavam que também não deve ser legal ver todo mundo ir embora. Ao longo do meu último dia o clima ficou bem estranho, me sentia estranha, não queria arrumar minha mala para não cair a ficha de que eu estava realmente indo embora e a minha realidade, a qual eu tinha me acostumado e adorava, não seria a mesma.

Minha despedida, Só garotas em Madaraka!

Queridas agregadas! :)

Era a hora de voltar para minha realidade, minha família e amigos isso era bom, o sentimento de deixar algo muito bom, por algo também muito bom é bem conflitante e acho que quase todos que passaram por essa experiência, ou alguma parecida sentiram isso. 

E esse foi o fim dessa incrível experiência a qual eu aproveitei do mesmo jeito que eu aproveito tudo na minha vida, intensamente. Nunca esquecerei meus dias no Kenya e as pessoas incríveis que eu conheci e as que eu ajudei, estarão para sempre na minha memória e no meu coração.

Bandeira que eu trouxe, com recados de quase todos que eu conheci! 

Obrigada a todos que acompanharam, leram o blogg e me incentivaram é muito bom poder compartilhar experiências! Garanto que não será o último, pois não será minha última aventura! 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Semana da saúde


Agora que está chegando ao fim, está bem difícil conseguir tempo para escrever, e o tempo que eu tenho eu quero passar com as pessoas que eu conheci aqui.
Voltando ao trabalho: O site ficou pronto! Faltam apenas alguns detalhes, mas ficou bem bacana e depois de quebrar muito a cabeça eu e a Marielle entendemos como colocar o paypal. Aqui no Kenya não tem como associar o Paypal a uma conta daqui, só da pra associar a uma conta americana, mas descobrimos que existe um cartão que consegue sacar o dinheiro das doações em paypal sem cobrar taxas muito altas. Eu sou muito a favor de perder um pouco em taxas e ganhar na praticidade, pois mais pessoas podem doar só digitando o numero do cartão, do que indo a um banco fazer um depósito!
Já que estou falando nisso, quem estiver lendo e ainda não conhecer o site da uma olhada, tem bastante coisa sobre os projetos: Africahcp.wix.com/kenya
E quem puder, por favor, contribua! Temos ainda muitos projetos a serem realizados e precisamos de ajuda. Já estamos tentando conseguir apoio da embaixada francesa (Marielle ta vendo isso), se conseguirmos isso e mais doações poderemos concretizar o projeto de montar uma clínica gratuita para crianças.

Elas precisam muito, essa semana fizemos a semana da saúde! Fomos a todas as escolas que ensinamos higiene e convidamos a irem até a sede. Conseguimos remédios muito baratos, vitaminas e vermífugos (700 pastilhas de Albendazol mastigável por 500 xelins). Assim, os professores levaram as crianças, lá eram pesadas, medidas examinadas por mim (exame básico) e a Nadine dava os remédios. Resolvemos das os dois remédios para todas as crianças, pois é quase certo que praticamente todas têm vermes e não daria para fazer exames para ter certeza mesmo.



Tudo correu bem, nos primeiros dias foi mais complicado tudo mais confuso, muitas crianças e pouco tempo, fiquei um pouco frustrada de não poder ter mais tempo para examiná-las com mais calma, mas era o que dava pra fazer, melhor do que não fazer nada. A grande maioria tinha os mesmos problemas (os que eu chequei) infecção fúngica na cabeça, anemia e cáries algumas muito gigantescas.


Um adendo - Sobre o projeto das escovas de dente já conseguimos umas 400 escovas para deixar nas escolas, com a Colgate. Eles só falaram que querem fotos das crianças com as escovas e que um dentista vá explicar como se escova direito! Muito em breve as escovas chegarão e os treinamentos nas escolas vai poder começar, o que é muito bom! Só é uma pena eu não poder acompanhar isso de perto, é ruim começar um projeto e não poder vê-lo concretizado.

Voltando a semana da saúde. Hoje (meu ultimo dia de trabalho) foi muito bom e ruim ao mesmo tempo. Foi muito bom, pois uma médica pode estar presente e me ensinou muitas coisas e pode diagnosticar melhor e dar antibióticos as crianças que precisavam (o que eu ainda não estou apta a fazer). Mas foi bem triste, pois as crianças de hoje tinham muito mais problemas graves, duas tomaram antibiótico por uma infecção de pele na orelha que estava se espalhando para o ouvido, uns com os olhos bem irritados, uma com problema grave de visão, outra com o rosto muito inchado, mas a professora falou que desde que ela entrou no colégio a mais de ano é desse jeito e que também tem problemas mentais.





O pior de tudo é que não tem muito a ser feito, estamos tentando fazer o possível para melhorar a saúde dessas crianças, mas só com o nosso esforço é bem complicado. Muitos pais, ou familiares não se importam. Essa menina com problemas mentais não tem pais, só uma irmã que (segundo a professora) não se importa nem um pouco, nunca a levou ao hospital e mesmo a gente recomendando é muito difícil que ela o faça.

A semana da saúde foi isso, não deu para fazermos muito, mas pelo menos já é um começo, a Marielle que vai continuar aqui organizará outra semana com ajuda dos médicos sem fronteiras que atuam em Kibera. De pouco em pouco vamos conseguindo atingir mais crianças, e no futuro espero que consigamos arrecadar dinheiro suficiente para fazer a clínica e ajudar crianças e adultos.
Além disso, no meu último dia fiz etiquetas para as bijuterias do projeto WoPepea para vendê-las no Brasil (espero a colaboração de vocês, hehe). Pulseiras e chaveiros, os chaveiros eu que dei a ideia de fazer, pois é mais barato, não da muito trabalho e é um bom presente.



A despedida foi bem triste, eu estava bem triste. É muito difícil deixar as pessoas, com certeza foi a melhor parte da experiência com certeza, mas no próximo post eu falarei mais sobre isso. Todos escreveram na minha bandeira do Kenya, tiramos fotos, abraços e fui embora de Kibera,mas sei que não será a ultima vez, ainda pretendo voltar em algum momento da minha vida pra cá!

Obs. Eu queria muito colocar as fotos do pessoal da ONG aqui, mas infelizmente o cartão da minha câmera pifou e apagou justo as últimas fotos, ainda tenho esperança de recuperá-las, ainda não sei como.

A seguir – Madaraka

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Massai Mara


Sexta dia 18 depois de uma noite numa balada chamada havana (bem bacana), acordamos com muito esforço as 6 da manhã para irmos pro Massai Mara que é um parque nacional, um dos mais conhecidos safáris da África. O matatu (especial de para safáris) veio nos buscar (atrasado) depois ainda fomos para o centro, depois paramos em outro lugar, só sei que paramos muitas vezes, tava difícil dormir. Finalmente as paradas pararam e deu pra dormir um pouco, até que chegamos a uma estrada parecida com a de lamu, estrada de terra totalmente esburacada, foi o fim da soneca.

Depois de algumas boas horas pulando no Matatu, chegamos ao “acampamento”  era bem rústico, mas legal. Cada tenda ficava dentro de um quiosque e tinha o próprio banheiro, com água quente a qualquer hora, só que a luz era das 5 da manhã as 8 e depois das 6 da tarde as 10 da noite, era uma disputa para carregar câmera e celulares.

Eu, Beatrice (China) e Dorine (Ghana)

Depois de descansarmos um pouco saímos as 16hrs para ir ao parque nacional Massai Mara e começar o safári! O a entrada do parque era bem perto do acampamento, logo que entramos andamos um pouco e já começamos a ver os animais, Zebras, Gnus, Gazelas, Búfalos, elefantes. O Matatu era bem bacana. A parte de cima levantava pra podermos ver melhor e tirar fotos e mais fotos (foram muitas mesmo! Rs). O mais legal de tudo é que eu achei que veríamos os animais mais de longe e que eu com minha câmera simples não conseguiria ver nada, mas os animais vem realmente perto do matatu, atravessam a estrada na nossa frente, girafas elefantes até leão!









Depois de rodarmos bastante fomos achar um bom lugar para vermos o por do sol, nisso achamos vários elefantes lindos, mas não sei por qual razão o nosso motorista não parou (a gente também deveria ter falado para ele parar lá, como o outro carro fez), mas tudo bem foi lindo de qualquer jeito!



Voltamos para o acampamento, jantamos e fomos dormir assim que as luzes apagaram as 22hrs. No dia seguinte levantamos as 6 para irmos ver animais de novo, era dia de acharmos leões, irmos até a fronteira com a Tanzânia, irmos a um rio cheio de hipopótamos e crocodilos.

Foi incrível! Achamos leoas muito perto, uma até fez xixi no matatu. Tiramos milhões de fotos das leoas, muito lindas! Depois fomos até a fronteira com a Tanzânia, foi divertido tirar foto nos dois países! O motorista do matatu falou pra tirarmos a clássica foto todos pulando, mas ele tirou errado e ficou muito engraçada! Continuamos, agora a pé até o rio, lá um soldado armado com uma AK acompanhou a gente numa trilha acompanhando o rio, muito lindo e com muitos hipopótamos e alguns crocodilos, foi muito gostoso ficar sentada na lateral do rio olhando os hipopótamos.









Voltamos para o acampamento, na volta, vários animais de novo, o mais legal é vê-los juntos  na natureza aí você tem a certeza de que não está em um zoológico, que eles estão livres! Antes de voltarmos para o acampamento fomos a uma vila Massai (uma das 41 tribos do Kenya), foi interessante conhecer um pouco a cultura deles, mas na verdade foi mais triste.
 Muita pobreza, eles vivem em casas de pau a pique, sem nada, criam gado e cabras por isso o chão é inteiro de esterco. Moscas, muitas moscas, lá eu via cena triste que todos imaginam quando se fala em África, crianças, magras com nariz escorrendo, com várias moscas no rosto. O pior é perceber que já não existe muito mais a cultura deles realmente, eles apenas encenam para os turistas em troca de dinheiro, pois o que eles querem é a nossa cultura capitalista. No final da visita as mulheres praticamente te obrigam a comprar tudo desesperadamente, é triste e muito chato. Comprei duas pulseiras e depois fiquei brincando com as crianças, pois não aguentava aquelas mulheres me perseguindo oferecendo tudo, até ficando bravas e ao mesmo tempo eu ficava triste por presenciar essa cena.





De volta ao acampamento, jantamos e ficamos na fogueira até apagarem as luzes, no dia seguinte acordaríamos as 5 para vermos o por do sol. Valeu a pena, foi incrível! Vimos o nascer do sol naquela linda paisagem, me senti dentro do filme do rei leão mesmo, momento inesquecível e fotos lindas! Foi um fim de semana fantástico e com pessoas fantásticas!



A seguir – Mais sobre o trabalho




segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Craft for Cure


Todas as sextas, Isabel a diretora da ONG, não vai, então estamos liberadas para outras coisas, como por exemplo, ir ao projeto da AIESEC – Craft for Cure (em português seria mais ou menos: trabalhando pela cura). É um projeto muito legal, vamos ao hospital brincar com as crianças com câncer. Como é em um hospital público e a saúde pública daqui é bem deficiente (pior do que no Brasil), eles recebem um tratamento bem precário, muitos não conseguem fazer as cirurgias que necessitam, e são muitas crianças, umas aparentam saudáveis, correm pulam, nem parece que estão doentes. Outras já estão piores, em cadeiras de roda, não andam direito, mãos e braços edemaciados.


O projeto começa as 2, brincamos com as crianças até as 4 e depois fazemos uma reunião com todos. Tem alguns que sempre vão, mas cada semana vai alguém diferente, eu já fui duas vezes, e pretendo continuar indo até eu voltar.
Primeiro quando chegamos fazemos uma atividade mais tranquila, como colorir desenhos, da última vez, Marcio teve uma ótima ideia e ensinou as crianças a fazer um pássaro de origami, todos nós ajudamos as crianças e também aprendemos a fazer. Depois vem a segunda parte da brincadeira, fazemos uma grande roda, com os voluntários e as crianças (nesse momento elas já estão bem menos tímidas). Então começam as músicas, danças e brincadeiras.



Tem uma muito divertida que um vai correndo dentro da roda cantando e aí para na frente de alguém, faz a dancinha e aí essa pessoa também tem que ir pro meio da roda, e assim no final estão todos dançando, pulando e cantando, é muito legal!

As crianças são muito especiais e carinhosas, da primeira vez que eu fui fiquei um bom tempo com um garotinho, que no começo tava tímido, mas depois que eu consegui a primeira gargalhada ele não parou mais, ele estava com a mão totalmente edemaciada, não conseguia nem segurar o giz de cera, eu o ajudei segurando o papel. Mas o que ele mais gostou foram de uns fantoches que umas pessoas tinham levado, brincamos um bom tempo com eles e ele se divertiu muito, consigo lembrar da gargalhada dele até agora.
Nessa sexta feira uma garota muito lindinha grudou em mim, muito carinhosa, sempre me abraçava, não queria soltar a minha mão de jeito nenhum, pedia pra eu levanta-la toda hora (quase morria rs). Quando peguei a maquina para filmar as danças um menino pediu pra tirar fotos, eu deixei, contanto que ele não saísse do meu lado com a máquina. Ele ficou super feliz e tirou várias fotos, umas bem boas!




esse é o garoto responsável pelas fotos anteriores
A despedida é sempre triste, as crianças ficam pulando em cima de você, te abraçando, mas se despedem e sempre esperam que você volte, elas realmente lembram e é muito bom voltar, ser reconhecida e levar alegria a essas crianças!


 A seguir - Massai Mara